Violência nas relações começa com submissão

Vítima de violência nas relações em geral não percebe que corre perigo
A violência nas relações amorosas ocorre em todas as classes sociais, freqüentemente depois de uma separação. Todos podem ser violentos, claro, mas em cerca de 98% dos casos a agressão parte dos homens. Infelizmente, as vítimas não percebem que correm perigo, mas tudo que acontece em geral vinha se anunciando por meio de ameaças e de comportamentos agressivos.
A tragédia que envolveu a jovem Eloá, em Santo André (SP), trouxe à tona mais uma vez a violência nas relações amorosas. Infelizmente, ela ocorre em todas as classes sociais, na maioria das vezes após uma separação. No caso, foi Eloá quem deu fim à união e seu namorado, ao que parece um psicopata, reagiu torturando-a e matando. Os psicopatas não sentem culpa nem remorso. São frios e planejam seus crimes. Sempre acham até o fim que agiram certo, que a vítima merecia morrer.

Mas não são só crimes ou agressões físicas que caracterizam a violência nas relações. A violência verbal e a violência psicológica também destoem a auto-estima, a segurança e o equilíbrio psíquico do parceiro.

A agressão física parte dos homens em 98% dos casos. Quando ocorre um crime, em geral já vinha se anunciando por ameaças e comportamentos agressivos. O agressor sempre culpa o outro por precisar agir assim. Mas a vítima parece que não acredita que corre perigo, porque o agressor muda a toda hora e a trata bem na frente dos outros.

A violência é um processo que começa com a submissão da vítima. No namoro, parceiros vivem uma fase de paixão e de sedução. Logo depois, porém, o homem violento começa a fazer exigências descabidas, que vão minando a confiança da mulher. Diz frases como “Você é burra”, “Você tem de deixar seu emprego” e “Você não deve estudar”. A mulher, muitas vezes envolvida, acaba ficando em dúvida. Passa a acreditar que é inferior e se submete aos desejos do parceiro. E mais: de tanto ouvi-lo dizer que os amigos a invejam, se afasta deles. Depois a proíbe de ver a família, de se vestir como quer, de sair de casa. Vai desqualificando e dominando a mulher, a ponto de não ser capaz de reagir. Não se trata de masoquismo ou de querer sofrer, é uma espécie de condicionamento, de incapacidade de reação.

Já a mulher violenta normalmente é o que se chama de borderline. Essa palavra identifica alguém não propriamente louco, mas que não tem nenhuma estrutura psíquica. Não agüenta frustrações, é egoísta e sempre culpa os outros por seus problemas. Muitas vezes usa drogas e ameaça o parceiro dizendo que vai abandonar a casa e/ou os filhos ou se matar. Esse tipo de violência paralisa o outro, que não consegue superá-lo, porque, além da tensão de viver com a ameaça, se julga culpado pela infelicidade da parceira.

Mas como deve agir quem convive com um parceiro violento? O começo de tudo é admitir que a violência existe. Infelizmente, a maioria das mulheres não percebe a violência psicológica, só a física. Eu pergunto: se você tivesse o mesmo comportamento de seu namorado ou marido, o que ele faria? Devemos mostrar para a mulher que esses comportamentos não são normais. Também é importante esclarecer que ela não é culpada pelo que ocorre. Ele diz que é culpada, mas não deve aceitar. Precisa deixar claro que as agressões são inaceitáveis e colocar um limite logo nas primeiras manifestações. Quando ela diz que não aceita, fortalece-se e se valoriza. Mesmo que ame o namorado ou o marido, pode perceber quanto essa relação a prejudica. Quem ama não aceita tudo; ao contrário, ajudar o outro a mudar e estabelecer limites também são provas de amor.

Diz-se que “quem ama não mata”. Quem ama mata sim, como vimos em Santo André. Um ex-namorado rejeitado, para não perder o objeto de seu amor doentio, preferiu matá-lo.

 

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